Microscopia a 3D

12-02-2010 09:36

  Foto: Lothar Schermelleh e Peter Carlton/Divulgação

Numa época em que os cientistas conseguem examinar os componentes mais minúsculos da matéria, as pessoas às vezes esquecem-se que não é possível ver uma série de detalhes das células vivas. Ou melhor, não era: uma nova forma, de usar os microscópios tradicionais, apresentada nesta semana à comunidade científica e ao público, promete trazer detalhes em 3D de estruturas celulares minúsculas, mas um pouco relevantes. 

A prova de princípio do sistema, que leva o nome de microscopia de iluminação estruturada em 3D, está na edição desta semana da revista especializada americana "Science". O trabalho é uma colaboração entre cientistas alemães e americanos, capitaneada por Lothar Schermelleh, do Departamento de Biologia da Universidade Ludwig Maximilians de Munique.

Pouca gente sabe, mas o que chamamos vagamente de "microscopia electrónica" é um método altamente antinatural de enxergar estruturas vivas. "Vivas", aliás, é modo de dizer: os métodos empregados pelos microscópios com resolução altíssima exigem que as células examinadas sejam mortas de forma violenta e "congeladas" para que seja possível observá-las. É que a chamada microscopia óptica, a única que nos permite ver células vivas, tem uma resolução limitada pelo comprimento das ondas de luz visível, que vai de 400 a 700 nanómetros (um nanómetro equivale a um bilionésimo de metro). Qualquer estrutura menor que isso fica cada vez mais difícil de “enxergar”. 

O que o grupo internacional fez foi iluminar as amostras de células -- devidamente realçadas com corantes especiais -- com feixes múltiplos de luz. O truque faz com que as ondas luminosas "interfiram" entre si (reforçando-se ou contrapondo-se, graças à variação de "cristas" e "vales" das ondas), de forma a permitir uma resolução abaixo do limite normalmente imposto pela natureza da luz visível. Não é mágica -- é só um jeito de explorar uma propriedade natural das ondas luminosas.

O resultado parece ter compensado. A mesma estrutura -- no caso, os poros do núcleo de células de cromossomas no interior delas --, que seria vista como um borrão quase indistinto pelos métodos tradicionais, aparece de forma clara, com sensação de profundidade, no trabalho dos pesquisadores. Eles afirmam que seria possível adaptar a tecnologia, de modo que usá-la não seria mais complicado do que é empregar hoje um microscópio óptico dos bons.

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